O ritmo diário, em que em cada dia, os diferentes momentos são organizados temporalmente para se equilibrarem entre contracção e expansão. Ao longo do dia a criança beneficia de uma respiração regular, acompanhada de momentos de actividade própria e auto iniciada, momentos de grupo, momentos propostos pelo adulto. Ao longo dos primeiros sete anos de vida e nomeadamente dos 3 aos 7 anos a criança passa por diferentes fases de desenvolvimento, sendo essencial que os adultos que a rodeiam compreendam e apoiem um apoio adequado às suas necessidades.
Desta forma, o dia decorre neste olhar de respiração de dentro e fora, comigo e com o outro, a minha iniciativa e o seguir do grupo.
Durante a manhã, as crianças tem à sua disposição a possibilidade de brincadeira livre na sala, bem como uma proposta pelo adulto de vivência que pode passar por pintura com aguarela, modelagem, costura, carpintaria, cozinhar, limpar, o que acontece simultaneamente a par com o brincar livre. Estes são momentos em que a criança partindo da sua iniciativa percorre a sala, explora os materiais, procura grupos de brincadeira, reconhece-se enquanto Eu na exploração de movimentos, aprendizagens sociais, afirma-se no seu mundo. Segue- se a roda rítmica, um momento muito especial, que é trazido com a intenção de explorar cada época do ano, através de canções, gestos, movimentos, jogos de dedos e alegria. Este momento é também essencial para a vivência do ritmo na criança, e da sua criatividade, são momentos que trazem uma vivência de todo, de unidade com o grupo, com os mundos, eu faço parte do todo e cada todo faz parte de mim. Reconhecer cada criança no grupo, vivenciar gestos, palavras, qualidades de cada momento do ano é também permitir à criança encontrar-se na sua humanidade. A roda enriquece-se o brincar da criança na medida em que são trazidos movimentos arquétipos, próprios do ser humano, gestos detalhados e gestos mais amplos, a tridimensionalidade, o estar dentro e fora, eu e o tu somos nós!
Após estes momentos, segue-se um outro momento de expansão em que todos brincam no exterior. Este brincar também ele é acompanhado da possibilidade de diversas vivências do dia a dia de cuidar do jardim, fazer a horta, tratar do composto, lavar ou estender a roupa. Todas elas acompanhadas pela intenção pedagógica de cuidar do mundo ao nosso redor, diariamente, não como algo que não faz parte de nós mas como algo intimamente ligado. Cuidar da terra é uma vivência diária que a criança acompanha por se envolver directamente ou porque os adultos ao seu redor o fazem e ela é permeada por esse mesmo sentimento.
As crianças almoçam após a brincadeira na rua, sendo este um momentos também de grupo, em que socialmente nos encontramos em grupos mais pequenos para a refeição. As cores, texturas, cheiros e sabores já foram chegando à criança pois alguns alimentos são preparados nas salas, o momento da refeição é a comunhão com o mundo. As crianças têm momentos de silêncio no inicio e final da refeição como vivência de veneração pelo que recebemos, versos e jogos de dedos acompanham estes momentos. E o momento é de tranquilidade e relação próxima com cada um, as crianças envolvem-se ativamente neste momento seja no servir do almoço, no levar a loiça suja, enquanto conversam, saboreiam e se nutrem além do alimento que ingerem.
Terminamos a manhã com o momento da história, em que as crianças são conduzidas pela voz e pelo olhar do adulto que as acompanha e segue carinhosamente, no mundo das imagens interiores, onde cada um pode criar e ser criador do seu espaço interior.
Para as famílias que necessitam a parte da tarde é composta pela componente de apoio à família que consiste no descanso, lanche e brincadeira no exterior. Para as crianças no último ano de jardim e que eventualmente não revelam a necessidade de fazer a sesta tão prolongada mediante a idade e a observação dos educadores, podem ser encaminhadas para um estar mais calmo, em que participam na preparação da sala para o lanche, ou outra vivência de processos que partem da observação pedagógica para o grupo.